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Os 25 anos de “Tieta”

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Ricardo (Cássio Gabus Mendes) e Tieta (Betty Faria) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Ricardo (Cássio Gabus Mendes) e Tieta (Betty Faria) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Passados 25 anos de sua estreia, pensar em “Tieta” é voltar no tempo, à década de 1980 e relembrar o cenário televisivo que se configurava à época. Socialmente falando, vivíamos um período de grandes liberdades, com o estabelecimento definitivo da Democracia (na teoria, pelo menos) e a promessa de novos tempos para o país com as eleições diretas para presidente da República, depois de um longo jejum.

Foi um tempo muito criativo em que podia-se muito em televisão – mais do que hoje em dia, quando vivemos um momento em que a “onda politicamente correta” assola nossa TV. Nesse cenário, destacavam-se programas como o “TV Pirata” e seu humor politicamente incorreto, e as novelas “Vale Tudo”, que explorou as mazelas sociais do brasileiro, e “Pantanal” (na TV Manchete), repleta de sensualidade, hoje praticamente impensável.

Tieta (Betty Faria), Ascânio (Reginaldo Faria) e Leonora (Lídia Brondi) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Tieta (Betty Faria), Ascânio (Reginaldo Faria) e Leonora (Lídia Brondi) (Foto: CEDOC/TV Globo)

A então modelo Isadora Ribeiro já havia aparecido nua em pelo na abertura do “Fantástico”. E Hans Donner – que dominava as aberturas de programas da Globo na época – a chamou para repetir a sensualidade na abertura da nova novela. Contorcendo-se no tronco de uma árvore, Isadora exibia os seios diariamente ao som de Luís Caldas. A abertura, uma das melhores de Hans Donner, fez tanto sucesso quanto a própria novela.

“Tieta do Agreste, lua cheia de tesão, é lua estrela nuvem carregada de paixão!”

O Coronel Artur da Tapitanga e suas Rolinhas, com destaque para Imaculada (Luciana Braga) (Foto: CEDOC/TV Globo)

O Coronel Artur da Tapitanga e suas Rolinhas, com destaque para Imaculada (Luciana Braga) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Na década de 1980, a Globo tinha por hábito exibir no horário das oito dramas urbanos. Uma das poucas exceções havia sido “Roque Santeiro” (1985-1986), de Dias Gomes, escrita por ele e Aguinaldo Silva, que fez um enorme sucesso. Visando repetir a fórmula e o êxito de “Roque”, a Globo bateu o martelo para uma adaptação do romance “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado, pelo trio de novelistas Aguinaldo Silva (o mesmo de “Roque” e que também havia participado do sucesso de “Vale Tudo”), Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares. O diretor de núcleo era Paulo Ubiratan, também de “Roque Santeiro”.

O sucesso de “Tieta” foi imediato. Uma novela redondinha, em que tudo parecia fluir. Desde a primeira fase, que apresentou os antecedentes da protagonista, na pele de Claudia Ohana. A segunda e definitiva fase exibiu uma galeria de personagens inesquecíveis, cada qual em uma trama potencializada pelo carisma de seus tipos e intérpretes. O elenco da novela era de primeira, e fica mesmo difícil enumerar os maiores destaques. “Tieta” é um exemplo perfeito de novela bem dosada, com atores bem aproveitados em todas as tramas.

Modesto Pires (Armando Bógus) e Perpétua (Joana Fomm) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Modesto Pires (Armando Bógus) e Perpétua (Joana Fomm) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Só para relembrar os tipos da novela: Modesto Pires (Armando Bógus), Imaculada (Luciana Braga), Amorzinho (Lília Cabral), Timóteo (Paulo Betti), Laura (Claudia Alencar), Leonora (Lídia Brondi), Dona Milu (Miriam Pires), Juraci (Ana Lúcia Torre), Amintas (Roberto Bomfim), Carol (Luiza Tomé), Jairo (Elias Gleizer), Ricardo (Cássio Gabus Mendes), Ascânio (Reginaldo Faria), Bafo de Bode (Bemvindo Siqueira), Carmosina (Arlete Salles), Cinira (Rosane Gofman), Aída (Bete Mendes), Coronel Artur da Tapitanga (Ary Fontoura), Chalita (Renato Consorte), Tonha (Yoná Magalhães), Padre Mariano (Claudio Corrêa e Castro), Osnar (José Mayer), Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), Comandante Dário (Flavio Galvão), Elisa (Tássia Camargo), Marcolino Pitombo (Otávio Augusto).

Coronel Artur da Tapitanga (Ary Fontoura), Tieta (Betty Faria), Osnar (José Mayer) e Carmosina (Arlete Salles) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Coronel Artur da Tapitanga (Ary Fontoura), Tieta (Betty Faria), Osnar (José Mayer) e Carmosina (Arlete Salles) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Acima do elenco grandioso, as figuras das irmãs rivais Tieta e Perpétua, interpretadas por Betty Faria e Joana Fomm. A vingança de Tieta, que retorna à mítica Santana do Agreste para tomar a limpo o passado, quando foi escorraçada da cidade pelo pai, Zé Esteves, por causa das intrigas da irmã invejosa, Perpétua. Provocante, sensual, destemida e rica, Tieta expõe a mesquinhez do ser humano aos moradores da pequena cidade, que tanto a bajulam para conseguir privilégios ou um quinhão de sua benevolência. O alvo maior, claro, é a irmã, uma figura seca, mal amada, interesseira e sórdida que se esconde atrás de uma roupa preta, um xale e um guarda-chuva, e da religião, através da qual se sente segura para destilar seu veneno, sem culpa.

A popularidade de “Tieta” estava nos personagens carismáticos, na história bem delineada e em vários outros fatores que contribuíram para seu sucesso. Como a trilha sonora, reunida em dois LPs, que vendeu como água na época, repletas de sucessos populares. Sobre a trilha de “Tieta”, não deixe de ler o texto de Fred Pellachin em sua coluna “Na Trilha das Novelas“, AQUI.

Carol (Luiza Tomé) e Modesto Pires (Armando Bógus) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Carol (Luiza Tomé) e Modesto Pires (Armando Bógus) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Entre as tramas paralelas, duas aguçaram a curiosidade do telespectador: “quem era a Mulher de Branco”, que assombrava a cidade em noites de lua cheia e seduzia homens incautos. E qual o conteúdo da caixa que Perpétua escondia em seu guarda-roupa, na qual se abraçava em momentos de tristeza ou solidão, como se fosse um ente querido. Descobriu-se que a Mulher de Branco era a devassa Laura (Claudia Alencar), esposa do Comandante Dário (Flavio Galvão), que já aceitara com naturalidade o envolvimento do marido com a jovem Silvana (Claudia Magno) – desde que ela também participasse, claro.

O conteúdo da famosa caixa de Perpétua nunca foi revelado. Ao final, depois que a “tribufú” já havia sido desmoralizada diante de Santana do Agreste, os moradores fizeram fila em seu quarto para ver o que tinha dentro da tal caixa. O máximo que se viu foram os olhares enojados, surpresos ou divertidos do povo. De fato, Aguinaldo Silva nunca confirmou se o conteúdo era mesmo o órgão sexual do falecido marido de Perpétua – o que se suspeitava na época. “Mistéééééééério!”, já dizia Dona Milu.

Saiba mais sobre “Tieta” no site Teledramaturgia.


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